Minimizers and the syntax of negation : a diachronic and comparative approach from european portuguese

التفاصيل البيبلوغرافية
العنوان: Minimizers and the syntax of negation : a diachronic and comparative approach from european portuguese
المؤلفون: Pinto, Clara Raquel Gonçalves
المساهمون: Martins, Ana Maria, Pratas, Fernanda, Repositório da Universidade de Lisboa
سنة النشر: 2021
مصطلحات موضوعية: Língua portuguesa - Negação (Linguística), Língua portuguesa - Sintaxe, Polaridade (Linguística), Linguística comparada, Teses de doutoramento - 2021, Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
الوصف: A sintaxe da negação, o fenómeno de concordância negativa e a legitimação de itens de polaridade negativa (IPNs) têm sido tópicos amplamente estudados na literatura nas décadas mais recentes. Os minimizadores são um subtipo de IPNs que designam pontos mínimos em escalas de dimensão ou de valor (cf. Hoeksema 2001) e cuja frequência e diversidade sofreu alterações desde o Português Antigo até aos dias de hoje. O presente trabalho pretende caraterizar os minimizadores existentes em estádios mais antigos da língua e avançar uma possível explicação para o seu desenvolvimento incipiente na história do português, ao contrário do que se verifica em outras línguas românicas como o francês ou o italiano. O Português Antigo (PA) dispunha de dois grandes grupos de minimizadores que, embora diferentes, se comportavam como IPNs fracos, sendo legitimados em contextos negativos e modais, mas não ocorrendo em contextos afirmativos. Por um lado, existia o grupo dos minimizadores partitivos e valorativos onde se incluíam elementos com traços escalares que designam pontos mínimos em escalas de dimensão (os partitivos), mas também de valor (os valorativos). Embora com pouca expressão nos dados do PA, este grupo permanece no Português Europeu Contemporâneo (PEC), apresentando variação nos elementos que o constituem, com o desaparecimento de alguns itens e a inclusão de novos elementos. Por seu turno, é possível encontrar no PA um segundo grupo: os minimizadores indefinidos. Neste grupo incluem-se os itens al, cousa, pessoa, homem e rem cuja ocorrência era bastante produtiva nos dados do PA, sendo a sua frequência, até determinada altura, superior à dos indefinidos negativos nada, nenhum e ninguém. Apesar da frequência com que se registam no PA, nenhum dos elementos deste grupo sobrevive para além do século XVI. O desaparecimento de todos os minimizadores indefinidos acompanha a progressiva generalização dos indefinidos negativos, sugerindo um processo semelhante à competição entre gramáticas como proposto por Kroch (1989, 1994). Os dados analisados sugerem que os minimizadores indefinidos terão competido diretamente com os indefinidos negativos nada e nenhum [+humano] (e eventualmente ninguém), no mesmo tipo de contextos, estando estes últimos em melhores condições de ganhar a competição. Na verdade, o que parece verificar-se é a competição entre duas famílias construcionais, no sentido de Smet et al. (2018). A família construcional dos minimizadores indefinidos reunia elementos com diferentes níveis de gramaticalização, não apresentando uniformidade e coesão. Pelo contrário, a família construcional dos indefinidos negativos era coesa e composta por elementos com graus semelhantes de gramaticalização. Além disso, todos os seus membros beneficiavam do fator (que sugeria negação), favorecendo a sua transformação em IPNs fortes (cf. Martins, 1997, 2000). É possível considerar a existência de uma terceira família construcional composta pelos minimizadores partitivos/valorativos, mas cuja competição é pouco significativa. Apenas o seu elemento mais gramaticalizado, nomeadamente o item nemigalha, se apresentava como um competidor com significativa expressividade. Embora a competição entre famílias construcionais possa explicar, em parte, o desaparecimento dos minimizadores indefinidos, não permite explicar a gramaticalização incipiente de outros minimizadores e a mudança na configuração de minimizadores menos gramaticalizados que passam a ocorrer antecedidos do numeral cardinal UM, passando a ser esse o padrão observado para a generalidade dos minimizadores do PEC. A grande maioria dos minimizadores do PA manteve as suas propriedades nominais, exibindo marcas de género e número, conservando o valor semântico do nome comum que lhes deu origem e admitindo modificação. Por esta razão, considero que permaneceram núcleos nominais, diretamente inseridos como núcleos de NP. No entanto, contrariamente ao que se verifica em PEC, os minimizadores nominais do PA ocorriam como bare nouns. Por exemplo, os minimizadores partitivos ocorrem exclusivamente sob a forma de bare nouns no século XIII, havendo os primeiros registos de ocorrência com numeral cardinal UM apenas no século XIV e de forma mais sistemática a partir do século XVI. Esta ocorrência coincide também com a generalização do uso de determinante indefinido a partir do século XIV, conforme afirma Ledgeway (2012). Tal como está descrito para línguas como o Francês, também o Português parece ter sofrido uma alteração no sistema D, perdendo a possibilidade de ter um D nulo e passando a ter de preencher essa posição com um elemento lexicalmente realizado. Os minimizadores partitivos passam, a partir de certa altura, a ocorrer com o numeral cardinal UM, tal como já sucedia com a maioria dos minimizadores valorativos. Por um lado, a presença do numeral cardinal passa a permitir satisfazer o requisito de ter um D lexicalmente preenchido. Por outro, codifica positivamente um traço [quantificação], podendo ser o único elemento a verificar positivamente esse traço, quando precede minimizadores sem o traço [+quantificação] ou estabelecendo concordância quando o próprio minimizador contém o traço [+quantificação], verificando-se assim concordância de traços entre os dois elementos. Sendo o numeral cardinal gerado como núcleo da projeção NumP, esta posição deixa de estar disponível para acomodar minimizadores, impedindo a sua reanálise como quantificadores. O PA regista, contudo, alguns exemplos de gramaticalização bem sucedida, com os itens ponto, rem e nemigalha. Estes itens encontram-se atestados com função de quantificadores nominais com um Sintagma Preposicional partitivo e também como quantificadores intransitivos. Nestes casos, verifica-se um processo semelhante ao que se encontra documentado para outros itens de diferentes línguas românicas, com a passagem de um item nominal, gerado como núcleo de NP, para um item mais funcional que projeta um Sintagma Quantificador, obedecendo ao processo de gramaticalização postulado por Roberts & Roussou (2003). Um elemento em N seleciona um complemento preposicional. Posteriormente, o elemento em N move-se para o núcleo de NumP. À medida que a gramaticalização avança, passa a ser diretamente inserido em Num, deixando de haver movimento de N para Num (N-to-Num movement). Finalmente, o minimizador é reinterpretado como núcleo do seu próprio sintagma quantificador. Num momento posterior, o quantificador pode tornar-se intransitivo, passando a ser ambíguo entre quantificador ou partícula de reforço da negação, com estatuto adverbial, em contextos específicos como, por exemplo, em frases com verbos opcionalmente transitivos (cf. Lucas 2007, Breitbarth et al. 2020, a.o.). Estes contextos gerados de ambiguidade são encontrados para alguns itens no PA, sobretudo para nemigalha que ocorre inclusivamente em contextos pressuposicionais e em estruturas de tópico-comentário. A comparação dos dados do PA com dados do PEC parece confirmar a ideia de que a generalização do numeral cardinal à esquerda do minimizador condicionou a gramaticalização de minimizadores nominais. Embora o PEC apresente minimizadores com um grau avançado de gramaticalização, não há evidência de que estes tenham passado por um estádio em que fossem antecedidos pelo numeral cardinal UM. Na verdade, minimizadores como puto, bola ou peva são relativamente recentes, mas apresentam um comportamento de quantificador e ocorrem inclusivamente como únicos elementos negativos na frase. Não há, contudo, estádios intermédios destes itens em que se registe a presença do numeral cardinal, o que sugere que foram recrutados sob uma forma bare, tendo rapidamente gramaticalizado com estatuto de quantificador. Além disso, minimizadores como um boi e um caraças, que se afastam de um comportamento nominal, também parecem não conter um numeral cardinal, mas antes um determinante expletivo, provavelmente gerado diretamente em D. Em todo o caso, a comparação entre os dados do PA e do PEC mostra que a sintaxe dos minimizadores permanece idêntica, sendo candidatos a um estatuto mais gramaticalizado os elementos com condições para abandonarem o núcleo de NP e subirem para uma posição mais à esquerda, nomeadamente Num. Por outro lado, a configuração NUMERAL CARDINAL+MINIMIZADOR passa a ser a configuração por defeito, como consequência da perda de bare nouns em português. Os dados do PA permitem contribuir para o estudo dos fenómenos associados à sintaxe da negação, numa perspetiva diacrónica, ilustrando aquilo a que Breitbarth et al. (2013) convencionaram chamar Ciclo de Jespersen Incipiente, dando conta de que a gramaticalização de minimizadores pode parar em qualquer momento, sendo este o cenário mais frequente.
Description (Translated): Minimizers and their interaction with the syntax of negation seem to be an inexhaustible topic of research, due to the richness of these items and the unexpected paths of evolution found for counterpart items across languages. The present work aimed at providing some insights from European Portuguese, in particular from early stages of the language. Old Portuguese (OP) displayed two main groups of minimizers which behaved as weak negative polarity items (NPIs). On the one hand, there was the partitive/evaluative group which included items with a partitive reading and referring to low endpoints in a scale of size, but also items with an evaluative reading, originating from nouns associated to low endpoints in a scale of value. Partitive/evaluative minimizers manage to survive until nowadays. On the other hand, there was the group of indefinite minimizers, which included the items al ‘other thing/person’, cousa ‘thing’, pessoa ´person’, homem ‘man’ and rem ‘thing’ which were very productive in OP. Contrary to expectations, all indefinite minimizers disappeared from the language until the end of the 16th century, including items which had reached the status of a quantifier element, as was the case of rem. The disappearance of all indefinite minimizers until the 16th century can be explained under the hypothesis of grammar competition as proposed by Kroch (1989, 1994). Indefinite minimizers directly competed against the negative indefinites nada ‘nothing’, nenhum [+hum] ‘no one’ which were in a better position to win the competition. Indefinite minimizers on the one hand, and negative indefinites, on the other, constituted two different constructional families, in the sense of Smet et al. (2018). While the family of indefinite minimizers was unstable and contained items with different behaviour and different levels of grammaticalization, the family of negative indefinites was cohese and consistent, benefiting from the so-called factor, which allowed these items to, eventually, become strong NPIs. A third constructional family also competed against indefinite minimizers and negative indefinites, in particular through the item nemigalha, which originated as a member of the partitive/evaluative family. Nevertheless, competition between constructional families does not fully explain the incipient grammaticalization of most items, since competition occurred mainly between the most grammaticalized forms of each constructional family. The OP data show that most minimizers in OP maintained their nominal properties, allowing modification and exhibiting gender and number features. For this reason, they are analysed as base-generated in N, as nominal heads. In any case, OP registers a few cases of minimizers that have reached more advanced stages of grammaticalization, behaving as quantifier-like elements, namely, adnominal quantifiers taking a partitive PP and intransitive bare quantifiers, both projecting their own Quantifier Phrase. (QP) Items such as rem, ponto and nemigalha constitute examples of minimizers originating from common nouns which have become heads of a QP. They follow the grammaticalization path described for other minimizers in Romance, starting as heads of NP and moving leftward to become heads of NumP (cf. Roberts & Roussou 2003). They eventually start being directly merged as NumP heads, being reinterpreted as quantifiers. Additionally, they may start appearing as intransitive QPs, leading to ambiguity between a quantifier or a negation reinforcement particle in specific contexts. Parallel to the disappearance of the more grammaticalized items, in the 16th century there seems to emerge a new configuration for minimizers which were still nominal heads. Partitive minimizers occurred exclusively under a bare form in the 13th century. The first examples of partitive minimizers occurring with a cardinal numeral to their left coincides with what is argued to be the period of widespread of the indefinite determiner (the 14th century). There seems to have been a change in the D system that resulted in the disappearance of bare nouns and in the need to have a lexically filled D. Partitive minimizers progressively start occurring with a cardinal numeral at their left. This, I proposed, allowed to fulfil the need to have a lexical D, with the numeral rising from the head of NumP, to the head of DP. The cardinal numeral also encoded a [+quantification] feature that agreed with the [+quantification] feature present in some minimizers; in the cases where the minimizer did not display a [+quantification] feature, the cardinal numeral alone encoded that feature. However, the insertion of the cardinal numeral blocked the rise of minimizers to Num, a position where they could be reinterpreted as quantifier elements. An argument in favour of this hypothesis is the fact that there are no registers of minimizers going from a CARDINAL NUMERAL+MINIMIZER configuration into a quantifier configuration. CEP shows us that minimizers behaving as adnominal and intransitive bare quantifiers are, in general, directly recruited under a bare form. In the few cases displaying a configuration UM+MINIMIZER, the minimizer exhibits a more advanced stage of grammaticalization and the element UM seems to be an expletive element, sitting in D, rather than a cardinal numeral. All in all, Old Portuguese seems to illustrate quite well the functioning of an Incipient Jespersen Cycle (cf. Breitbarth et al. 2013), since it presented a few promising candidates to becoming independent negation markers but none of them remained in the language, despite displaying advanced stages of grammaticalization.
Contents Note: TID:101544260
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الاتاحة: http://hdl.handle.net/10451/55398
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