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A leptospirose é uma zoonose reemergente no mundo, que predomina nas regiões dos trópicos e subtrópicos, causada por espiroquetas patogénicas do género Leptospira, sendo uma doença relevante no contexto do viajante. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de casos registados de leptospirose está subestimado, dado que na maioria das regiões endémicas a sua notificação não acontece, ao contrário do que se verifica em Portugal, em que é uma doença de notificação obrigatória. A leptospirose é mantida na natureza pela infeção crónica renal dos mamíferos infetados por leptospiras, sendo o homem um hospedeiro acidental e final, por contacto direto (como pela urina) ou indireto (como pela água estagnada, contaminada), habitualmente por exposição ambiental. A maioria dos casos de leptospirose são assintomáticos, embora a doença possa ser bifásica (fases septicémica e imune) e ter diversas formas de apresentação, desde um quadro febril de origem indeterminada (forma ligeira) a choque séptico, comportando-se como uma vasculite (forma grave). A própria variação de sintomas possível contribui para que esta doença seja subdiagnosticada e confundida com outras patologias. Apresenta-se um caso clínico de um homem de 57 anos que, no final do mês em que viajou por lazer pelo Brasil, desenvolveu um quadro compatível com leptospirose complicada, designado por Síndrome de Weil – apresentando a tríade de hemorragia, insuficiência hepática aguda e insuficiência renal aguda. No entanto, devido a agravamento do quadro no segundo dia do internamento e ao contexto epidemiológico do doente, foi importante realizar diagnóstico diferencial especialmente com Sépsis, Dengue e infeção por vírus Chikungunya e Hantavírus. O diagnóstico de leptospirose foi confirmado pelo teste de aglutinação microscópica, (método padrão), que se revelou positivo para a espécie Leptospira interrogans, serogrupo Australis, serotipo Lora. O doente recuperou aparentemente sem sequelas, tendo sido tratado com ceftriaxona 2g/dia, apresentando como principal intercorrência durante o internamento flutter auricular 2:1.
Leptospirosis is a reemerging zoonosis in the world, which predominates in the tropics and subtropics regions, caused by pathogenic spirochetes of the genus Leptospira, being a relevant disease in the context of the traveler. According to the World Health Organization, the number of registered cases of leptospirosis is underestimated, since in most of its endemic regions, the notification of this disease is not compulsory, contrary to what happens in Portugal. Leptospirosis is maintained in the nature by chronic renal infection of mammals infected with leptospires, with Man being an accidental and final host by direct (as by urine) or indirect contact (as by exposure to stagnant or contaminated water), usually by environmental exposure. Most cases of leptospirosis are asymptomatic, although the disease may be biphasic (septicemic and immune phases) and have several forms of presentation, ranging from a febrile condition of undetermined origin (mild form) to septic shock, behaving like a vasculitis (severe form). The possible variation of symptoms itself contributes to this disease being underdiagnosed and confused with other pathologies. A case of a 57-years-old man who, a month after he traveled for leisure in Brazil, developed a case of complicated leptospirosis, named the Weil Syndrome - presenting the triad of hemorrhage, acute hepatic failure and acute renal failure, is presented. Due to the worsening of the patient's condition at the second day of hospitalization and to its epidemiological context, it was important to carry out differential diagnoses, especially with Sepsis, Dengue, Hantavirus and Chikungunya virus infection. The diagnosis of leptospirosis was confirmed by the microscopic agglutination test (gold standard) which proved to be positive for Leptospira interrogans, Australis serogroup, Lora serotype. The patient recovered apparently without sequelae, being treated with ceftriaxone 2g/day, presenting as main adverse event during hospitalization atrial flutter with 2:1 conduction. |