| Description (Translated): |
O presente trabalho enquadra-se na temática das Migrações Sul-Sul, e de modo específico, da migração chinesa para a província de Nampula, no norte de Moçambique. Ainda que o foco seja a emigração chinesa, foi importante obter uma perceção de forma não linear no concernente às políticas migratórias (e outras) deste país do índico, em relação ao fenómeno e ao processo de imigração. Como procuramos demonstrar é a inércia e não a ação política que despoleta migrações como a que estudamos aqui. O desmatamento excessivo em Moçambique por empresas chinesas, e, a níveis assustadores, na província de Nampula (de modo particular), serviu-nos de ponto de partida para procurarmos perceber o tipo de relação que se estabeleceu entre estes dois países (China e Moçambique), bem como o seu significado. Questionamos se por um lado, esta relação se enquadra nos princípios de um investimento estrangeiro ou, por outro, num suposto ou emergente neocolonialismo. Esta preocupação, assume-se, desde o início, como objetivo nuclear do trabalho. Tentamos igualmente colher a sensibilidade das comunidades quanto a perceção que têm do contributo do investimento chinês em Moçambique. Como forma de busca pela compreensão, destas inquietações, optámos por enquadrar os antecedentes desta relação, isto é, desde quando, em que circunstâncias, em que âmbitos, com que perspetivas, quais os moldes, em que as relações sino-moçambicanas se configuram na atualidade. Como metodologia de investigação fazemos uso de uma triangulação de procedimentos, entre a análise bibliográfica, a análise documental, entrevistas e observação direta que, em conjunto, serviram de técnicas e instrumentos para construção de um trabalho complexo e aberto. Chegamos à conclusão de que o principal desafio causado pelos investimentos chineses, do jeito que são percecionados no país, reside na falta de ajustamento do modelo de gestão da própria administração pública e governo de Moçambique. A inércia na ação e ausência de fiscalização das regras contratuais criam um potencial de ilegalidades e abusos (onde se inclui a migração irregular ou não documentada) que resultam numa sobre-exploração dos recursos moçambicanos e numa impunidade por parte dos abusadores. A conclusão principal integra Moçambique num conjunto mais vasto de países africanos em que as empresas chinesas vão promover um sobre extrativismo de recursos, depauperando as populações locais e as gerações futuras sem que o seu legado económico ou financeiro permita utilizar outro conceito que não o de neocolonialismo.
The thesis is framed within the theme of South-South Migration, specifically, Chinesemigration in relation to the province of Nampula, in Northern Mozambique. Although thefocus is on Chinese immigration, we took the opportunity to obtain a linear perception of theadministrative policies of this Indian country, in relation to the phenomenon and process ofmigration, whether we take into account that the province in reference receives many groupsof migrants from several origins. The massive deforestation in Mozambique by Chinesecompanies, and at scary levels, in particular, in the province of Nampula, was the startingpoint to try to understand the sort of relationship that has been established between the twocountries as well as its meaning, whether it fits the principles of an investment or another - asupposed “neocolonialism”. This concern is already assumed as the nuclear goal of the thesis.We also tried to gather the sensitiveness of the communities regarding the concept they haveabout the Chinese investment, especially in the Province of Nampula. As a way of seeking tounderstand these concerns, we chose to start with the background of this relationship, i.e. thegenesis, or better yet, since when, under what circumstances, in what spheres, with whatperspectives, and how the shape of Sino-Mozambican relations came to be as it is today. Acombination of literature, document analysis, blogs, interviews, and direct observation of thesurrounding environment served as adjuvants for the construction of solid bases that allowedus to clarify our doubts. We also came to realize that the main issue regarding the proceduresof the Chinese investments, the way they are perceived in the country, lies largely in the lackof adjustment of the Government management model itself, and not necessarily in theinvestors. Thus, the work appears as another very enlightening tool (strengthened by therational-logic analysis), to provide readers with an answer to the skepticism that exists inrelation to the issue of the Chinese presence in Mozambique, and Africa as a whole. |