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O filme Tár (2022), dirigido por Todd Field, trata-se da história de uma maestra americana fictícia cuja carreira é arruinada por denúncias de abuso de poder em seus relacionamentos com musicistas mais novas. O filme aborda, num plano mais geral, as mudanças nas relações de poder que vêm ocorrendo nos últimos anos dentro de instituições tradicionais. Além disso, é possível interpretar a discussão como sendo ainda mais ampla: sobre a perda de poder dos grandes símbolos da episteme ocidental em um mundo que pensa cada vez mais intensamente a descolonização. Neste artigo, será feita uma análise do filme, abordando tópicos como as diferenças entre o discurso sobre o que é a música clássica e a prática de como ela é exercida, expressos na figura da protagonista; a diferença geracional de valores e estratégias de lidar com opressões entre Lydia e Olga, jovem que ela tenta abusar sem sucesso; o tratamento do filme em relação à possibilidade de uma universalidade da arte que não seja masculina, branca e europeia, entre outros. Em suma, discutiremos a principal questão do filme, cuja teorização é feita, metaforicamente, em uma das primeiras cenas. Ao ser indagada, em uma entrevista, a respeito de alegações de que o maestro seria um “metrônomo humano”, Tár responde: “Manter o tempo não é pouca coisa (…) O tempo é a peça essencial da interpretação” (TÁR, 2022, 11:35). A música, para manter-se viva, deve estar sendo constantemente reinterpretada e, para isso, deve manter-se alinhada com o tempo. Tár falha nesse quesito, o que causa sua ruína. |