Abstract (Portuguese): |
O hipismo, em especial a modalidade de salto, é um dos esportes mais inclusivos, abrangendo cavaleiros de todas as idades em suas competições. Para obterse bons resultados, é necessário que a habilidade do cavaleiro e o nível técnico do cavalo sejam equilibrados, evitando, assim, a ocorrência de comportamentos conflituosos (CC) no percurso. O CC pode ser definido como reações indicativas de desconforto, confusão, resistência ou hiper-reatividade a ajudas do cavaleiro. O objetivo deste trabalho foi comparar a ocorrência de CC durante percursos de salto realizados por profissionais e amadores, em provas realizadas no Brasil. Foram observados 136 percursos durante o período de outubro de 2021 a abril de 2022, em etapas do LXTC. Foram avaliadas pistas de 97 profissionais das categorias SR e U25, realizadas a uma altura de 1,40 m, e de 39 amadores nas alturas de 1,20 m e 1,30 m, incluindo as categorias AM/AMT, JC/JCT, MR/PJR. Foram contabilizados como CC: balançar de cabeça, balançar de rabo, rollkur (hiperflexão de cabeça), sacar rédeas, recusa de se movimentar na direção solicitada, refugos, coices, corcoves e empinadas, sendo registrado o número de ocorrências de cada um. O teste de Mann-Whitney foi realizado para comparação, através do programa R, com 5% de significância. Ao avaliar a ocorrência dos CC nos grupos, não houve diferença significativa. Todos os animais avaliados, em ambos os grupos, apresentaram balançar de cabeça ao longo dos percursos. Entre os profissionais, obteve-se média de 5,5 episódios por animal, enquanto entre os amadores observou-se média de 5,9 episódios por animal (p = 0,59). Quanto ao balançar de rabo, 43,3% dos equinos de profissionais exibiram esta reação e apenas 35,9% dos animais de amadores apresentaram este CC (p = 0.22). O rollkur esteve presente em 9,2% e 7,7% dos percursos de profissionais e amadores analisados, respectivamente (p = 0,28). O comportamento de sacar as rédeas da mão do cavaleiro foi exibido de modo similar em ambos os grupos, em 5,10% dos percursos de profissionais e em 5,12% dos percursos de amadores (p = 0,56). O comportamento de recusa de movimentação e de refugos foi mais predominante entre os amadores, ocorrendo em 7,7% e 5,1% dos percursos, em comparação a 4,1% e 2,0% das pistas de profissionais, mas sem diferença estatística (p = 0,45; p = 0,43). O CC de empinar foi exibido em 2,0% dos percursos de profissionais e 2,6% dos percursos de amadores (p = 0,86). Coices e corcoves não foram exibidos por nenhum dos equinos utilizados por amadores, estando presentes em 1,0% e 5,1% dos percursos de SR e U25s, respectivamente. A ausência de diferença significativa entre os grupos pode ser explicada pelo fato de os profissionais tenderem a buscar cavalos mais sanguíneos, que possam percorrer mais facilmente grandes alturas em alta velocidade, conseguindo contornar dificuldades comportamentais com habilidades técnicas. Já amadores tendem a procurar animais menos reativos e de controle mais fácil, que possam auxiliálos durante momentos críticos nos percursos. Pode-se concluir que a igualdade na frequência de expressão de CC nos equinos de amadores e profissionais deu-se pela formação de conjuntos equilibrados, com animais mais reativos sendo destinados aos cavaleiros profissionais mais experientes. [ABSTRACT FROM AUTHOR] |